Os Vertebrados do Barremiano do Cabo Espichel e o seu Contexto Ibérico: implicações paleoambientais e paleogeográficas. (Início: 2021. ID: VBCE/PAL05/21)
Coordenador científico do projeto: Silvério Figueiredo
Paleontologia
No Cretácico Inferior do Cabo Espichel existem jazidas fossilíferas com abundantes restos de vertebrados em excelente estado de preservação. Trabalhos anteriores permitiram a descoberta de restos de vertebrados do Barremiano, incluindo uma extensa área dinoturbada, que exigirá um pormenorizado trabalho de investigação.
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Os Vertebrados do Barremiano do Cabo Espichel e o seu Contexto Ibérico: implicações paleoambientais e paleogeográficas. (Início: 2021. ID: VBCE/PAL05/21)
Coordenador científico do projeto: Silvério Figueiredo
Descrição
No Cretácico Inferior do Cabo Espichel existem jazidas fossilíferas com abundantes restos de vertebrados em excelente estado de preservação. Trabalhos anteriores permitiram a descoberta de restos de vertebrados do Barremiano, incluindo uma extensa área dinoturbada, que exigirá um pormenorizado trabalho de investigação.
O Projeto PALEOESPICHEL estudará os aspetos paleontológicos e paleoecológicos de 2 formações geológicas localizadas a norte do Cabo Espichel: F. de Areia do Mastro e F. do Papo-Seco (Barremiano, Cretácico Inferior), a partir dos fósseis de vertebrados nelas preservados. Através dos dados obtidos, serão desenvolvidos modelos e sistemas e feita uma comparação com outras formações contemporâneas da Península Ibérica. Serão também feitas reconstituições paleobiológicas, paleoambientais, paleoclimáticas e paleogeográficas, através dos SIG, modelação digital 3D, fotogrametria, paleohistologia, sedimentologia, tafonomia, anatomia comparativa e microscopia. Este é um projeto de investigação multidisciplinar que tem 5 principais linhas de investigação: 1) investigação paleontológica; 2) palinologia; 3) sedimentologia; 4) fotogrametria e realidade aumentada; 5) SIG. Para desenvolver estas 5 linhas de investigação serão desenvolvidas as seguintes atividades principais: 1) investigação de campo; 2) trabalhos de laboratório (paleontologia, palinologia, sedimentologia); 3) reconstituições paleoambientais; 4) comunicação pública; 5) conservação e restauro e preparação de fósseis.
Tendo como enfoque principal a realização de novas pesquisas de campo, o estudo incidirá também sobre os fósseis da coleção do Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP), onde se encontram depositados excelentes exemplares de vertebrados fósseis recolhidos durante trabalhos anteriores. Nas sucessões sedimentares da região do Espichel são encontrados uma ampla ocorrência de pegadas fósseis e estruturas de deformação sedimentar originadas pela carga de tetrápodes. Serão avaliados os diferentes grupos presentes e a relação com a existência de microbiais como indutores dos processos tafonómicos que possibilitaram a preservação. As feições de carga, geradas pelo pisoteio de Dinosauria, podem ser úteis para o entendimento da natureza física do substrato e como níveis de correlação estratigráfica.
Será feito um levantamento fotogramétrico e modelação 3D dos níveis dinoturbados, que, conjuntamente com estudos icnopaleontológicos, pretende compreender diversos aspetos anatómicos, taxonómicos e modos de vida dos dinossauros que ali deixaram as suas pegadas. O estudo de pegadas e pistas de dinossauros permite conhecer a anatomia dos pés e das mãos dos dinossauros que as produziram, o seu modo de locomoção, o seu comportamento individual e social, bem como os ambientes frequentados, entre outros aspetos. Assim, em conjunto com o estudo sedimentar das camadas, estes estudos permitirão também aferir alguns aspetos paleoecológicos e paleoclimáticos. Os estudos paleontológicos e icnopaleontológicos e o seu aproveitamento didático in situ, torna possível transmitir de modo privilegiado os conhecimentos de geologia e paleontologia e sensibilizar os cidadãos para o património paleontológico. A transmissão do conhecimento para a sociedade é um dos principais propósitos deste projeto.
Os estudos paleontológicos permitirão caracterizar as associações faunísticas fósseis do Espichel. Serão especialmente relevantes os estudos a realizar sobre os dinossauros ornitópodes, um grupo de dinossauros muito diversificado no Cretácico Inferior, em particular, a comparação com os restos de ornitópodes conhecidos noutras formações do Barremiano da Península Ibérica. Outro grupo de interesse paleontológico será o das tartarugas, pois nestas 2 formações existe uma boa quantidade de fósseis, sendo que alguns deles apresentam marcas de predação, o que permite fazer um estudo tafonómico. De igual importância são os restos de pterossauros, grupo pouco conhecido no Cretácico português. Em investigações anteriores realizados em Areia do Mastro, recolheu-se uma quantidade interessante de restos de pterossauros, depositados nas coleções do CPGP. Conjuntamente com novos restos que poderão ser encontrados, o conhecimento das espécies portuguesas deste grupo de répteis será amplificado. Finalmente os estudos palinológicos permitirão identificar as espécies de palinomorfos e reconstituir as paisagens do Cretácico Inferior da área do Espichel. Estes estudos complementados pelos dados paleontológicos e sedimentológicos irão possibilitar fazer estudos paleoecológicos e paleoambientais e compreender a evolução dos ambientes na sucessão estratigráfica das formações que se pretendem estudar. Estes estudos permitirão também a comparação com os paleoclimas de Cretácico Inferior de outras zonas da Europa, criando um mapa climático e paleoecológico e fazer uma correlação entre a evolução dos climas cretácicos, permitindo uma melhor compreensão das questões ambientais.
Registo Paleontológico dos Últimos Elefantes do Continente Europeu. (Início: 2016. ID: RPUECE/PAL04/2016)
Coordenador científico do projeto: Carlos Neto de Carvalho
Paleontologia
No Plistocénico superior, as profundas alterações climáticas responsáveis pelo Último Glacial foram causa para o colapso de cadeias tróficas completas com a consequente extinção da maioria dos grandes mamíferos então existentes no continente europeu.
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Registo Paleontológico dos Últimos Elefantes do Continente Europeu (Início: 2016. ID: RPUECE/PAL04/2016)
Coordenador científico do projeto: Carlos Neto de Carvalho
Descrição
No Plistocénico superior, as profundas alterações climáticas responsáveis pelo Último Glacial foram causa para o colapso de cadeias tróficas completas com a consequente extinção da maioria dos grandes mamíferos então existentes no continente europeu. Entre grandes presas e notáveis predadores incluíram-se nesta extinção em massa o Elefante europeu (Palaeoloxodon antiquus), um dos maiores mamíferos que alguma vez existiu, assim como o desaparecimento de um seu predador directo, o Homem de Neandertal (Homo neanderthalensis). Em geral, reconhece-se que a extinção do Elefante europeu terá acontecido na Europa até há cerca de 50,000 anos, não muito diferente do período em que o Homem de Neandertal terá desaparecido. No entanto, resultados recentes publicados por investigadores da presente equipa de trabalho proposta para este projecto com distintos propósitos, assim como novos dados obtidos da combinação de experiências pelos mesmos, que se encontram em publicação em volume especial da Quaternary Science Reviews, apontam para uma persistência destes grandes mamíferos e dos Neandertais no sul da Península Ibérica até ao Pleniglacial, há cerca de 30,000 anos.
Portugal tem contribuído com um registo paleontológico e arqueológico muito significativo para a discussão sobre as causas que levaram ao desaparecimento, tanto do Elefante Europeu como do Homem de Neandertal. Os estudos têm sido levados a cabo por arqueólogos sobre restos osteológicos e indústria lítica. A partir do início do séc. XXI, iniciam-se os estudos paleontológicos das unidades eolianíticas existentes ao longo da costa centro e sul portuguesa, datadas do Plistocénico médio e superior, pelo responsável científico deste projecto, levando à descoberta de 17 níveis com pegadas e trilhos de mamíferos e aves, o primeiro registo icnológico de vertebrados no Cenozóico português. Entre estes, encontram-se cinco níveis com trilhos de grandes pegadas encontrados entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes, atribuíveis a proboscídeos, algumas daquelas evidenciando marcas de extremidades de dedos, o que demonstra um bom estado de preservação. Alguns destes níveis com pegadas foram tentativamente datados de há cerca de 35 ka por proximidade com níveis subjacentes aos eolianitos datados por 14C nos inícios da década de 70, correspondendo aos mais recentes vestígios da presença de P. antiquus no registo fóssil da Europa continental e ao único registo de pegadas atribuídos a esta espécie conhecido neste continente. Não obstante, parte destes trilhos encontra-se em grandes blocos de eolianito expostos por colapso das arribas costeiras e hoje corre o risco de desaparecer se não forem tomadas medidas que levem à sua replicação e salvaguarda museológica. A equipa portuguesa deste projecto tem levado a cabo o estudo e inventariação deste registo icnológico que vai sendo exposto por abrasão marinha e que corre o risco de desaparecer a cada inverno. Diversos trabalhos têm sido publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, assim como os resultados têm sido apresentados em diversos encontros científicos. Mais recentemente, o Município de Odemira propôs-se a realizar um conjunto de iniciativas que levem ao envolvimento das populações locais para a salvaguarda deste Património Paleontológico de relevância nacional e supranacional.
A continuidade da investigação científica nestas unidades eolianíticas, assim como os esforços levados a cabo para a sua salvaguarda e reconhecimento, levaram à comparação com um novo sítio com pegadas de mamíferos, descoberto recentemente em Gibraltar pela componente espanhola e gibraltina da equipa do presente projecto, nas quais se inclui possivelmente a segunda pegada de H. neanderthalensis conhecida no mundo e marcas de elefante europeu. O eolianito em que se encontram foi datado por OSL de há 29,000 anos, o que baliza de novo a extinção combinada destas duas espécies, de resto aqui bem conhecidas pelos estudos sistemáticos realizados nas cavernas desde os meados do séc. XIX. No entanto, o registo icnológico/comportamental encontrado no interior destas grutas foi descurado pelas escavações no passado.
Objetivos
Os objectivos gerais deste projecto são a investigação, salvaguarda e divulgação dos vestígios icnológicos/comportamentais dos últimos elefantes do continente europeu. Localizados integralmente no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, estes trilhos e pegadas, associados a outros de mamíferos e de aves, correm o risco constante de desaparecerem por acção da erosão costeira, da mesma forma em que esta permitiu a sua descoberta. Nos últimos dezoito anos, este tem sido o trabalho do coordenador do projecto, identificando, inventariando e estudando um registo icnológico que era desconhecido em Portugal. Mais recentemente, juntaram-se outros investigadores que contribuíram com novas metodologias para estudo e resgate de um Património Paleontológico em sequências eolianíticas, original em Portugal e contemporâneo de uma exploração mais sistemática de idênticas formações pelo mundo. Os trilhos de pegadas de elefantes do Sudoeste Alentejano, em particular, constituem um dos apenas cerca de 55 sítios icnológicos conhecidos no mundo deste tipo, num período temporal compreendido entre o Miocénico e o Plistocénico. Este registo é de grande significado para a compreensão da evolução biogeográfica e comportamental dos Proboscidea. Além disso, permitem detalhar o período e condições paleoambientais que levaram à extinção do Elefante europeu. Para tal, importa obter uma caracterização estratigráfica e geocronologia precisas das unidades eolianíticas plistocénicas onde os trilhos se encontram, que como se sabe a partir de outros exemplos, casos da África do Sul e mesmo do Arquipélago da Madeira, apresentam enormes discrepâncias temporais. Neste sentido, no último ano foi realizada uma amostragem sistemática e específica das unidades eolianíticas de interesse para datação por OSL, para posterior tratamento na Universidade de Coimbra e obtenção de idades em quartzo e feldspato na Holanda.
Invertebrados no Jurássico da Serra da Boa Viagem (Buarcos): resultados do acompanhamento paleontológico da construção de um parque eólico. (2009)
Coordenador científico do projeto: Pierluigi Rosina
Paleontologia
A Serra da Boa Viagem é constituída essencialmente por calcários. É um elemento geomorfológico bem característico da área a norte do rio Mondego.
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Invertebrados no Jurássico da Serra da Boa Viagem (Buarcos): resultados do acompanhamento paleontológico da construção de um parque eólico. (2009)
Coordenador científico do projeto: Pierluigi Rosina
Descrição
A Serra da Boa Viagem é constituída essencialmente por calcários. É um elemento geomorfológico bem característico da área a norte do rio Mondego. Embora o seu ponto mais alto atinja somente os 258 m, esta serra representa a zona mais elevada nas proximidades da Figueira da Foz e do Cabo Mondego. A sua morfologia resulta dos movimentos tectónicos do Cenozóico que levantaram a sucessão sedimentar do Mesozóico. A estrutura é constituída por camadas regulares em monoclinal, com direção WNW-ESE e pendor até aos 70º para Sul. Por consequência, as camadas mais antigas são as do lado norte da serra.
A área do parque eólico da Serra da Boa Viagem (Buarcos) situa-se numa das cristas desta serra, a cerca de 200 m de altitude. Na área proposta pela implantação dos aerogeradores existem várias unidades geológicas do Jurássico Médio. Na saída de campo realizada foi possível constatar que na aérea do projecto afloravam rochas praticamente só na vertente sul, enquanto na vertente oposta havia uma camada detrítica arenosa de cobertura que abrigava uma densa vegetação e que escondia quase completamente o substrato calcário. A nossa atenção foi por isso concentrada nos estratos expostos no vertente sul.
Por solicitação da EFACEC, uma equipa do Centro Português de Geo-História e Pré-História deslocou-se em 2009 a uma zona onde, sob responsabilidade desta empresa, foi construído um parque eólico. Nessa área tinha sido identificado, num afloramento de calcários, a presença de fósseis. Da investigação realizada no trabalho de campo foram caracterizadas 17 camadas de calcários e margas. Foi identificada a existência de fósseis de invertebrados marinhos (moluscos). A ocorrência de bivalves é escassa, predominando os cefalópodes e, dentre estes registou-se a ocorrência de belemnites e de amonites, sendo este último grupo, o predominante entre a totalidade dos fósseis recolhidos.
Deste projeto resultou um relatório técnico-científico apresentado em 2009 para EFACEC, e num artigo publicado no Boletim do CPGP.
Os materiais recolhidos neste projeto podem ser vistos no Núcleo Museológico do CPGP, em São Caetano, Golegã.
Os Ornitópodes do Cretácico Inferior da Formação de Papo-Seco e o seu contexto Ibérico e Europeu. Implicações paleoambientais e paleogeográficas. (2017-2020)
Coordenador científico do projeto: Silvério Figueiredo
Paleontologia
Os ornitópodes são os dinossáurios mais abundantes do Cretácico Inferior da Península Ibérica e da Europa. Os grandes ornitópodes surgem representados pelos iguanodontídeos basais enquanto os pequenos estão representados pelos hypsilofodontídeos e pelos dryossauros.
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Os Ornitópodes do Cretácico Inferior da Formação de Papo-Seco e o seu contexto Ibérico e Europeu. Implicações paleoambientais e paleogeográficas. (2017-2020)
Coordenador científico do projeto: Silvério Figueiredo
Descrição
Os ornitópodes são os dinossáurios mais abundantes do Cretácico Inferior da Península Ibérica e da Europa. Os grandes ornitópodes surgem representados pelos iguanodontídeos basais enquanto os pequenos estão representados pelos hypsilofodontídeos e pelos dryossauros. Os Iguadontídeos do Barremiano de Espanha incluem vários táxones. Em Portugal existem poucos trabalhos publicados acerca deste grupo. No entanto, no Cabo Espichel existem diversas jazidas ricas de fósseis de ornitópodes (e.g., restos osteológicos e pegadas). A maior parte dos restos fossilíferos foi descoberta, a partir 1998, pela equipa de investigadores do Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP).
O Projeto PALEORCI teve como objectivo estudar os dinossauros ornitópodes do Barremiano (Cretácico Inferior) da Formação do Papo-Seco, localizada nas arribas a norte do Cabo Espichel, contextualizando-os a nível paleontológico e paleoambiental, fazendo um enquadramento paleobiogeográfico a nível Ibérico e Europeu. Pretendeu-se comparar os fósseis recolhidos na Formação do Papo-Seco com o registo fóssil de outras formações contemporâneas da Península Ibérica, relacionando as espécies de ornitópodes ali identificadas com outras espécies europeias. Este projeto constitui-se como um estudo integrado e multidisciplinar que envolveu paleontologia, paleohistologia, sedimentologia, estratigrafia, palinologia, Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e modelação digital 3D.
Atendendo à abundância de restos fossilíferos de vertebrados foram realizados vários trabalhos de prospeção paleontológica e efetuadas amostragens para realização de estudos de paleobotânica e palinologia. O estudo também incidiu sobre a coleção de fósseis proveniente da Formação do Papo Seco, depositada nas coleções do CPGP. Tratando-se de um estudo de carácter multidisciplinar, foram recolhidas amostras de sedimento, nos níveis fossilíferos ricos de restos de ornitópodes para realização de estudos de sedimentologia e palinologia.
A modelação digital 3D dos fósseis fragmentários permitiu fazer uma reconstituição desses ossos e dos animais a que pertenceram, sem ser necessário o uso de técnicas mais agressivas, e guardar digitalmente os modelos 3D, criando uma base de dados digital, que será disponibilizada online. As análises dos sedimentos e os estudos palinológicos contribuiram para a reconstituição dos ambientes e melhor compreender as condições paleoecológicas e paleoclimáticas patentes na região em estudo durante o Cretácico Inferior.
Os materiais recolhidos neste projeto podem ser vistos no Núcleo Museológico do CPGP, em São Caetano, Golegã.